Os 300 de Esparta
A Grécia está para ser invadida pelas poderosas tropas persas de Xerxes e, além de um exército gigantesco, ele vem com muito ouro para subornar os políticos de Esparta. Contudo, o rei Leônidas, um guerreiro nato, não se submeterá à dominação e, mesmo que os políticos corrompidos não lhe deêm um exército, ele pessoalmente enfrentará Xerxes ao lado de 300 valentes guerreiros.
Toda adaptação de quadrinhos deixa aqueles que leram o trabalho original e, principalmente, aqueles que são grandes fãs do material com uma grande expectativa de como aquilo será transposto para a telona. No caso de 300 a tensão seria gigantesca, porque causa do grande trabalho visual de Frank Miller. Contudo, depois de Sin City, a maioria dos fãs viu que o cinema já estava preparado para transformar um desenho muito diferenciado em realidade.
No caso de 300 existe um diferencial que é o trabalho de cores. Em Sin City, temos algumas poucas cores que se aplicam no preto-e-branco para destacar e criar uma idéia sobre certos elementos. Já em 300 existe todo um grande trabalho de Lyn Varley que intensifica cada cena. Principalmente os tons de vermelho, tanto do sangue quanto das capas dos soldados espartanos.
É importante notar que, aparentemente, adaptar um visual colorido seria mais fácil, uma vez que o mundo é naturalmente colorido e ao contrário de Sin City, que teve que ser feito em p&b e depois acrescido de cores. Contudo, quem leu o álbum, sabe que as cores não são trabalhadas de uma forma realista, assim como o desenho é estilizado, as cores são estilizadas e feitas de forma a completar todo um visual impactante.
Toda essa introdução é para dizer que o visual do filme é realmente excelente. Algumas pessoas chegaram a dizer que os efeitos são exagerados e que podem dar a aparência de um video-game, contudo, o visual é feito de forma a levar para a tela as cenas da forma que foram concebidas por Miller. Se você já leu a HQ, faça a seguinte experiência, veja todas as páginas antes de ir ao cinema. Não é necessário ler, mas veja bem todas as imagens. Em vários momentos é paupável como foi feita uma reprodução visual fidedigna tanto do desenho, quanto das cores.
O próprio Leônidas tem um rosto um tanto anguloso, bem ao estilo de Miller. Um exemplo interessante é a cena em que ele está subindo o monte para falar com os Éforos. A forma como ele flexiona o corpo e salta, não parece natural, mas é um movimento tão clássico no trabalho de Frank Miller que faz todo o sentido estar ali.
Ao mesmo tempo que o visual foi adaptado de forma exuberante e, em si, vale o filme todo, o roteiro teve alguns problemas. Aparentemente o roteirista não ficou contente com a idéia de ter uma história pronta para o filme e, apesar de alguns momentos serem uma transcrição literal do texto original, temos uma sub-trama inteira que foi inserida no meio do filme e, infelizmente, ela é totalmente desnecessária e excedente.
Provavelmente algum executivo quando olhou a revista achou que um filme com tantos personagens masculinos e praticamente nenhuma mulher poderia passar a idéia de um filme para homossexuais, principalmente se considerarmos que os gregos da antigüidade já tinham essa fama. Para evitar que ficasse qualquer dúvida, por menor que fosse, sobre esse aspecto, inseriram a mulher do rei Leônidas como centro dessa sub-trama sobre a corrupção no conselho de Esparta.
Até aí não é lá um grande problema. A questão é que resolveram reforçar bem que era um filme de homem heteros e machos, a ponto de inserirem uma cena de sexo que só pode ser comparada com os filmes pornôs chamados de "soft" com seu sexo simulado onde apenas a mulher nua se destaca.
De qualquer forma, apesar dessa trama ser totalmente desnecessária e excessiva - principalmente o desenrolar dela que desemboca em uma nova questão de desejo sexual do conspirador no Conselho de Esparta pela Rainha que o repugna - quando a guerra começa e vemos uma história de honra e determinação, acabamos esquecendo tudo isso e o filme se mostra muito divertido.
Caso você queira saber como está a performance de Rodrigo Santoro no papel de Xerxes... bem, ele não teve lá muito o que fazer. Praticamente só fica parado em seu trono, fazendo pose de dono do mundo. Suas falas foram alteradas digitalmente, segundo a produção para deixá-lo com uma voz mais imponente. Contudo, a única diferença que realmente faz é o fato de que não lembra em nada com a voz original do ator.
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