Educação a Distância

9 de junho de 2008

Só etanol brasileiro é competitivo, diz documento da FAO

03/06/2008 - 04h52
http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2008/06/03/ult4909u3932.jhtm

Só etanol brasileiro é competitivo, diz documento da FAO

Daniel Gallas
Enviado especial da BBC Brasil a Roma
Um documento preparado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) para embasar as discussões entre chefes de Estado sobre crise dos alimentos, afirma que só o etanol brasileiro tem se mostrado competitivo quando comparado a outras fontes de energia.

"O aumento do preço do petróleo e do gás tem tornado a bioenergia mais competitiva para todas as aplicações -energia, calor e transporte", afirma o documento. "No entanto, de todos os biocombustíveis líquidos, só o etanol brasileiro à base de cana-de-açúcar tem sido consistentemente competitivo nos últimos anos, sem necessidade de subsídios contínuos."

O documento da FAO observa que subsídios e isenções fiscais são os principais mecanismos adotados pela maioria dos países que tentam incentivar a produção local de biocombustíveis.

"Esses instrumentos introduziram distorções de mercado que favoreceram a produção doméstica e, freqüentemente, tecnologias ineficientes", aponta o texto.

Crise dos alimentos
O documento Bioenergia, segurança alimentar e sustentabilidade: em busca de um acordo internacional foi elaborado para as discussões entre chefes de Estado na conferência da FAO que começa nesta terça-feira em Roma. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve fazer uma defesa ao programa brasileiro de etanol no encontro.

A conferência da FAO foi planejada no ano passado para discutir o impacto das mudanças climáticas na produção de alimentos. No entanto, a crise provocada pelo forte aumento no preço dos alimentos nos meses recentes mudou a agenda do encontro.

Os biocombustíveis -apontados por muitos como um dos fatores que está provocando a crise- estarão no centro dos debates em Roma. O texto-base da FAO afirma que "os biocombustíveis são um fator significativo nos recentes aumentos do preço de commodities".

"Os preços do milho e de sementes duplicaram no último ano, enquanto o aumento da demanda e a competição por terras exerceram pressões para cima nos mercados por culturas de substituição", diz o texto.

"Na medida em que os mercados de commodities se tornam mais integrados e mudanças nos preços nos mercados internacionais afetam os mercados domésticos, a produção de biocombustíveis em um país terá efeitos importantes na segurança alimentar de outros países."

Três posições
O documento da agência da ONU considera que os especialistas estão divididos entre três posições diferentes sobre como administrar internacionalmente a produção de biocombustíveis.

"O desenvolvimento da bioenergia, em particular a expansão dos biocombustíveis líquidos, atingiu um ponto crítico. Governos, organizações internacionais, o setor privado, a sociedade civil e a academia parecem estar divididos em muitos itens", diz o documento.

"Os diferentes pontos de vista sobre como seguir adiante podem ser resumidos em três opções: (continuar) os negócios como sempre, (aplicar) uma moratória ou construir um consenso intergovernamental."

O texto termina afirmando que governos e o setor privado pediram à FAO para que a entidade "ajude a estabelecer um consenso de bioenergia, especialmente sobre biocombustíveis líquidos".

Consenso difícil
Para o representante da FAO para América Latina e Caribe, o brasileiro José Graziano da Silva, apesar de o texto-base da entidade sinalizar caminhos diferentes a serem adotados sobre a questão dos biocombustíveis, dificilmente a declaração final, aprovada ao fim do encontro, conterá uma postura muito definitiva sobre o tema.

"Esse é um dos temas mais controversos [da conferência] e eu não arriscaria de momento nenhum prognóstico", disse Graziano por telefone à BBC Brasil.

"Essas conferências emitem comunicados de consenso. E comunicados de consenso em geral não descem no nível de detalhes e, sobretudo evitam julgar ações que prejudiquem um ou outro país em particular."

Segundo ele, a declaração final deve mostrar que "é preciso atuar em conjunto" e que "a crise não se resolve com medidas individuais".

03/06/2008 - 07h56

http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2008/06/03/ult1859u196.jhtm

"Dedos que apontam contra biocombustíveis estão sujos de óleo e carvão", diz Lula em Roma

Das agências internacionais*
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje o uso dos biocombustíveis, frente àqueles que os culpam pela alta nos preços dos alimentos, e responsabilizou o petróleo e o protecionismo pela atual crise humanitária.

Lula fez essa defesa durante seu discurso na cúpula da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) sobre segurança alimentar, que começou hoje, em Roma.

"Os biocombustíveis não são os vilões. Vejo com indignação que muitos dos dedos que apontam contra a energia limpa dos biocombustíveis estão sujos de óleo e carvão", criticou o presidente.

Protecionismo "atrofia e desorganiza"
Lula denunciou o "intolerável protecionismo que atrofia e desorganiza" a produção agrícola dos países pobres. Diante de vários chefes de Estado e de Governo presentes ao evento, o presidente criticou o "protecionismo" dos países ricos que subsidiam seus produtos agrícolas e defendeu a produção brasileira de etanol a partir de cana-de-açúcar.

O presidente disse que "para entender plenamente as verdadeiras razões da atual crise alimentar, é indispensável afastar a cortina de fumaça lançada por lobbies poderosos, que pretendem atribuir à produção de etanol a responsabilidade pela recente inflação do preço dos alimentos".

"Sem pé nem cabeça"
Lula rebateu com ironia as críticas de que, no Brasil, as plantações de cana-de-açúcar para a produção de etanol estariam invadindo a Amazônia. Segundo Lula, esse é um argumento "sem pé nem cabeça". "Quem fala uma bobagem dessas não conhece o Brasil", disse o presidente.

Lula apresentou números para rebater críticas. Segundo ele, a Região Norte tem apenas 0,3% da área total dos canaviais do Brasil. "Ou seja, 99,7% da cana está a pelo menos 2 mil quilômetros da Floresta Amazônica. Isto é, a distância entre nossos canaviais e a Amazônia é a mesma que existe entre o Vaticano e o Kremlin", disse.

77 milhões de hectares de terras agrícolas
Ele lembrou que no Brasil existem 77 milhões de hectares de terras agrícolas "fora da Amazônia, bem entendido" que ainda não foram utilizados. "Isso equivale a pouco menos que os territórios da França e da Alemanha, juntos. E ainda temos 40 milhões de hectares de pastagens subutilizadas e degradadas, que podem ser recuperadas e destinadas à produção de alimentos e cana".

Segundo o presidente, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos atestam que o Brasil tem 340 milhões de hectares de terras agrícolas, desses 7 milhões são de cana. Metade disso (3,6 milhões) é destinada à produção de etanol. "A produção brasileira de etanol à base de cana-de-açúcar ocupa uma parte muito pequena de terras agricultáveis e não reduz a área de produção de alimentos. Ou seja, toda a cana do Brasil está em 2% da sua área agrícola, e todo o seu etanol é produzido em apenas 1% dessa mesma área".

Para devolver as críticas, Lula disse não ser favorável à produção de etanol a partir de alimentos. "Não acredito que alguém vá querer encher o tanque do seu carro com combustível se para isso tiver de ficar de estômago vazio".

Etanol de cana x etanol de milho
O presidente defendeu o etanol brasileiro, feito da cana-de-açúcar, comparado ao etanol americano, feito de milho. Segundo ele, o etanol da cana gera 8,3 vezes mais energia renovável do que a energia fóssil empregada na sua produção. Já o etanol do milho gera apenas uma vez e meia a energia que consome. "É por isso que há quem diga que o etanol é como o colesterol. Há o bom etanol e o mau etanol. O bom etanol ajuda a despoluir o planeta e é competitivo. O mau etanol depende das gorduras dos subsídios", disse.

Ele chamou o uso do combustível de "revolução dourada". "O etanol brasileiro é competitivo porque temos tecnologia, temos terras férteis, temos sol em abundância, temos água, e temos agricultores competentes. E isso não é privilégio nosso. Boa parte dos países da África, da América Latina e do Caribe, além de alguns países asiáticos, reúne condições semelhantes. E, com cooperação, transferência de tecnologia e mercados abertos, pode também produzir etanol de cana ou biodiesel com sucesso, gerando emprego, renda e progresso para suas populações".

Com Agência Brasil



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