China cria exceção na política do filho único para afetados por tremor
da Folha Online
Pais cujo filho único morreu ou ficou ferido com o terremoto na China receberão permissão para ter outro filho, declararam autoridades responsáveis pela política do filho único na zona do desastre nesta segunda-feira, oferecendo algum conforto aos casais da região.
Arte Folha Online |
Os pais cujo filho único morreu, foi seriamente ferido ou ficou deficiente com o terremoto que matou mais de 65 mil poderão receber um certificado permitindo outro filho, disse o Comitê de Planejamento Familiar e da População de Chengdu, que controla a política na montanhosa Província de Sichuan, a mais afetada pelo tremor.
O terremoto de 12 de maio foi ainda mais doloroso para muitos chineses pois ele matou muitos filhos únicos. A destruição de quase 7.000 salas de aula durante um dia letivo abalou a China, com imagens nos jornais focando em pequenas mãos e em mochilas em meio aos montes de escombros.
Mais de 65 mil pessoas morreram e, com outras 23 mil desaparecidas, o número de mortos ainda deve aumentar muito. Autoridades dizem não ter conseguido estimar o número de crianças mortas.
Restrições
Uma autoridade do Comitê de Chengdu, que deu apenas seu sobrenome, Wang, disse que a nova regra estava sendo feita especificamente para as vítimas do terremoto, e descreveu seus comentários como o esclarecimento da política existente, não podendo ser considerada uma mudança.
Apesar de ser chamada de política do filho único, as regras oferecem uma série de exceções e ambiguidades, algumas existentes devido à ampla oposição ao limite. Por exemplo, em grande parte da China rural, a maioria das famílias pode ter um segundo filho, principalmente se a primeira for mulher. Autoridades locais têm o poder de julgamento em cada caso, o que torna a política propícia a ser corrompida.
Chen Xueyun está entre os pais que podem ser beneficiados. Seu filho de 8 anos, Weixi, morreu quando o apartamento da família desabou. Chen disse ter procurado o corpo do filho durante três dias. Ele usa o relógio de plástico de seu filho, como lembrança.
Michael Reynolds/Efe |
Mãe chora enquanto segura fotografia do filho, que morreu quando sua escola desabou |
Chen disse que o anúncio desta segunda pode oferecer alguma esperança aos pais, após o fim do sofrimento. "Se eles ainda estão tristes e deprimidos, e impossível falar sobre outro bebê", afirmou. "Mas no futuro, pode ser muito bom para eles."
O anúncio de segunda vale para Chengdu, capital provincial de dez milhões de pessoas, assim como em duas das cidades mais afetadas, Dujiangyan e Pengzhou. O governo planeja ajudar cerca de 1.200 famílias, mas o número pode mudar, segundo Wang.
Não ficou claro se outras cidades na região do tremor, incluindo Qingchuan, farão anúncios semelhantes. Uma mulher do escritório de planejamento familiar provincial disse que as autoridades estão analisando a questão. Ela não deu seu nome, o que é comum na China.
A política do filho único foi criada no fim dos anos 1970 para controlar a crescente população do país e garantir melhor educação e serviços de saúde à população. A lei inclui exceções a grupos étnicos, famílias rurais e famílias cujos pais são filhos únicos.
O governo diz que a política evitou o nascimento de mais 400 milhões de pessoas, mas críticos dizem que ela também levou a abortos forçados, esterilizações e a um desequilíbrio de gênero perigoso, já que autoridades locais buscam cotas de nascimento severas impostas por Pequim, e famílias abortam meninas devido a uma preferência tradicional por filhos homens.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u405637.shtmlCem mil chineses são deslocados devido ao perigo de inundações
da Efe, em Pequim
As pessoas deslocadas por causa do risco de inundações já chegam a cem mil na região afetada pelo terremoto do dia 12 de maio no sudoeste da China, enquanto o Exército chinês dinamitou nesta segunda-feira (horário local) um dos lagos a ponto de transbordamento.
Segundo a agência de notícias Xinhua, um grupo de policiais chegou esta madrugada ao lago Tangjiashan (Sichuan), formado por causa do potente terremoto e que com 128 milhões de metros cúbicos de água ameaçava o distrito de Beichuan, a 3,2 quilômetros do local.
Cerca de 150 policiais levando cada um deles 10 quilos de dinamite chegaram a pé e após várias horas de caminhada até o lago, e começaram imediatamente os trabalhos para dinamitar o dique formado por montes de terra e rochas.
Trata-se de um dos mais de 30 lagos formados pelo terremoto, que causou mais de 86 mil mortos e desaparecidos, enquanto outras 69 represas na província ficaram rechadas pelo tremor e estão a ponto de arrebentar devido à chegada das chuvas no sul da China.
Segundo o Ministério de Recursos de Água, 700 mil sobreviventes do terremoto estão em perigo perante o possível transbordamento destas reservas.
O pânico se espalhou de novo neste domingo entre os desabrigados ao ser registrada a mais potente das oito mil réplicas que acontecerão desde o dia 12 maio, com uma magnitude de 6,4 graus e que deixou pelo menos cinco mortos e mais de 480 feridos nas províncias de Sichuan e Shaanxi. Quarenta e um feridos estão em estado grave.
Mais de 71 mil casas desabaram com o novo tremor que foi sentindo até em Pequim, a 1.500 quilômetros de distância, e que atingiu as províncias vizinhas de Gansu e Shaanxi.
A prioridade agora para as autoridades chinesas é dar abrigo a cinco milhões de desabrigados que dormem ao relento, e fazer chegar tendas de campanha e alimentos a esta paupérrima província chinesa.
24/05/2008 - 20h27
Mortos na China passam de 60 mil; Cuba, Rússia, EUA e França enviam ajuda
da Folha Online
O premiê da China, Wen Jiabao, afirmou neste sábado que terremoto que atingiu a Província de Sichuan (sudoeste da China) deixou mais de 60 mil mortos e que o número de vítimas "pode aumentar para 70 mil, 80 mil ou até mais".
Em Pequim, o governo disse que há por enquanto 60.500 mortos e 26.221 desaparecidos. Segundo as autoridades, mais de 11 milhões de pessoas precisarão de novas moradias.
Bern Settnik /Efe |
Posto médico móvel é enviado à China |
Enquanto Pequim corre para atender aos milhares de desabrigados, países do mundo com posições conflitantes entre si em termos políticos se solidarizam com a China e enviam ajuda humanitária. A diversidade das fontes de ajuda é compreensível se levado em conta o perfil da China, uma potência global de mercado que é simutaneamente uma república de partido único.
Cuba, Estados Unidos, Rússia, França, Alemanha, Japão e Itália estão entre os países que enviam equipes médicas e suprimentos de saúde e higiene.
O governo de Cuba enviou para a China uma equipe de 35 médicos, que já chegou ao país asiático, e 3,5 toneladas de medicamentos para ajudar as vítimas do terremoto, informou neste sábado o jornal oficial "Granma".
O chefe da equipe cubana de médicos, José Rodríguez, destacou que se trata de "profissionais experimentados em reações a desastres naturais que já participaram de muitas operações internacionais de socorro, como o tsunami do sudeste asiático e o forte terremoto no Peru".
Raúl Castro, de 76 anos, eleito presidente cubano em fevereiro deste ano em substituição a seu irmão Fidel, transmitiu na quinta-feira 'as mais sentidas condolências' à China, durante uma visita à embaixada chinesa em Havana.
A China é um dos principais aliados de Cuba e segundo maior parceiro comercial da ilha depois da Venezuela, além de importante fonte de crédito e investimentos.
Ajuda Internacional
Bobby Yip/Reuters |
Soldados ajudam chinês a juntar o que sobrou de sua TV em Sichuan |
Wen agradeceu à comunidade internacional por sua ajuda e afirmou que o governo aplicou "uma política de abertura, porque este terremoto não é apenas um desastre para o povo chinês, mas também para toda a humanidade".
Depois de algumas hesitações, o governo chinês autorizou a entrada de equipes de socorro e médicos estrangeiros.
Neste sábado, no momento em que o presidente russo, Dmitri Medvedev, encerrava em Pequim uma visita de dois dias, o Exército russo enviava à China oito aviões carregados com material humanitário, sobretudo barracas, cobertores e cozinhas móveis.
De acordo com representantes americanos, os EUA enviaram esta semana três aviões militares carregados de ajuda a Chengdu, a capital da Província de Sichuan.
Na cidade de Dujiangyan, a Cruz Vermelha alemã instalou um hospital móvel.
"A ajuda alemã é preciosa porque o hospital de Dujiangyan, parcialmente destruído pelo terremoto, não pode funcionar normalmente", frisou o diretor adjunto do estabelecimento, Fu Tang.
O primeiro contingente de médicos franceses, uma equipe de 13 pessoas, deve chegar neste domingo à capital da Província.
Médicos russos e japoneses também estão em Sichuan.
ONU
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban-Ki Moon, visitou neste sábado Yingxiu -- uma das regiões mais afetadas pelo terremoto de 7,9 graus na escala Richter que atingiu a China há 12 dias-- ao lado do premiê chinês, Wen Jiabao.
Ao chegar à cidade, na Província de Wenchuan, Wen agradeceu a Ban pela ajuda às vítimas da catástrofe. Ban, que viajou à China vindo diretamente de outra visita, às regiões devastadas pelo ciclone que atingiu Mianmar, prometeu mais ajuda da ONU na reconstrução, e diz que aguarda receber informações da China para medir os danos e as necesidades.
"Se trabalharmos duro podemos superar isso", disse Ban, ao lado de Wen. "Nesses casos, o mundo todo fica ao seu lado e o apóia", acrescentou.
Na tarde deste sábado, Wen se encontrou com duas crianças que ficaram feridos no tremor, Zhao Qisong e Wang Jiaqi, em um hospital de Chengdu, a capital da Província. O premiê estava presente quando equipes de resgate tentavam resgatar as duas crianças dos escombros, um dia após o tremor, e acompanhou o drama do salvamento entre lágrimas.
Ao lado de Zhao neste sábado, ele perguntou ao menino de nove anos se ele lembrava do dia do resgate. "Você me ouviu chamando você? Eu pedi que você aguentasse firme", disse Wen.
O premiê disse ainda para que o garoto nunca se esqueça da experiência. "Leve a lição para sua vida, depois de enfrentar toda essa dificuldade você será um homem melhor", afirmou.
Ele também elogiou Wang, dizendo que a menina, que fraturou o nariz no tremor, é "muito forte".
Arte Folha Online |
Radiação
Enquanto isso, especialistas tentam identificar 15 fontes de radiação que teriam sido expostas pelo terremoto e estariam sob os escombros.
O Ministério de Proteção do Meio-Ambiente informou que equipes da Administração Nacional de Segurança Nuclear tenta conter as fontes de radiação.
Cerca de 50 fontes em potencial estariam sob os escombros, disse o vice-ministro do meio-ambiente, Wu Xiaoqing, nesta sexta-feira em Pequim. Enquanto 35 delas não representariam risco, outras 15 continuam inacessíveis e soterradas sob os escombros.
Segundo Wu, a radiação não está vazando, e todas as instalações nucleares são seguras.
Reconstrução
O governo chinês passa agora a se focar na reconstrução, e não mais no resgate de corpos.
"Anteriormente, nossa principal prioridade era a procura por corpos e a ajuda às pessoas atingidas. Agora, vamos começar a fazer planos para a reconstrução", afirmou ele.
O tremor destruiu mais de 15 milhões de casas, segundo Wen, que acrescentou que o governo lançou uma campanha urgente para construir abrigos temporários e escolas.
Cerca de 10 mil trabalhadores da saúde foram mobilizados para controlar epidemias.
"O segunda maior desafio que enfrentamos é o risco de doenças", disse o premiê.
com Agências Internacionais
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u405094.shtml25/05/2008 - 10h03
Previsão de chuvas ameaça áreas atingidas na China
da BBC Brasil
O governo chinês afirmou, neste domingo, que a previsão de fortes chuvas na província de Sichuan, atingida pelo terremoto do dia 12 de maio, é uma ameaça grande para a região.
Segundo o ministro dos Recursos Hídricos, o volume de água poderia fazer com que os lagos formados pelos deslizamentos de terra causados pelos tremores transbordassem, além de romper as barragens construídas para conter a água.
De acordo com ele, milhares de engenheiros estariam trabalhando e equipes de reconstrução foram mobilizadas para reduzir os riscos.
Há preocupação de que o mau tempo possa atrasar a construção de abrigos temporários para os 5 milhões de desabrigados por causa do alto nível de água.
Segundo a agência de notícias Xinhuam 34 lagos se formaram na região por causa dos tremores. Destes, oito comportam 3 milhões de metros cúbicos de água sozinhos e um deles, na região de Tangjiashan, dobrou de tamanho em apenas quatro dias.
A agência informou ainda que o governo enviou equipes com explosivos para abrir uma espécie de canal para controlar o fluxo de água no lago e prevenir sua inundação.
Réplica
A região de Sichuan sofreu neste domingo outro tremor. A réplica atingiu 5.8 graus de magnitude e foi sentida também em Pequim.
Segundo a TV estatal, uma pessoa morreu e 400 ficaram feridas depois que a réplica foi registrada. Além disso, o tremor causou a destruição de milhares de edificações.
O número oficial de vítimas do terremoto que atingiu o sul do país é de cerca de 63 mil pessoas e o total de desaparecidos chega a 23 mil. No sábado, o premiê chinês Wen Jiabao afirmou que o número de mortos pode chegar aos 80 mil.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u405169.shtml